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Formação Católica

07 setembro 2015

O PENSAMENTO DE BENTO – II - COMENTÁRIO ELEISON - 209

O PENSAMENTO DE BENTO – II
ELEISON COMMENTS CCIX (16 de julho de 2011)


Se dividirmos em quatro partes o estudo do bispo Dom Tissier acerca do pensamento de Bento XVI, então a segunda parte apresenta suas raízes filosóficas e teológicas. Ao analisar a filosofia primeiramente, Sua Eminência segue a encíclica “Pascendi” de Pio X. Se uma garrafa de vinho está suja por dentro, o melhor dos vinhos que se verta nela se estragará. Se a mente de um homem se desconecta da realidade, como sucede com a filosofia moderna, então, ainda a Fé Católica filtrada através desta mente será desorientada, porque já não se deixará orientar pela realidade. Aqui está problema de Bento.

Assim como Pio X anteriormente, o Bispo atribui a responsabilidade principal deste desastre das mentes modernas ao filósofo Alemão do Iluminismo, Immanuel KANT (1724 -1804), que finalizou o sistema de anti-pensamento, prevalecente hoje em dia em todos lados, o qual exclui Deus do discurso racional. Porque se, como o observava Kant, a mente não pode saber nada do objeto, exceto o que possa ser percebido pelos sentidos, então a mente é livre de reconstruir a realidade por trás das aparências sensíveis tal como lhe agrade, a realidade objetiva se despreza como impossível de conhecer, e o subjetivismo reina com supremacia. Se o sujeito necessita de Deus e postula sua existência, muito bem. De outro modo, por assim dizer, Deus não está com sorte!

O bispo Dom Tissier apresenta então cinco filósofos modernos, todos pelejando com as conseqüências da loucura subjetivista de Kant que põe as idéia acima da realidade e o subjetivo acima do objetivo. Os dois mais importantes para o pensamento deste Papa podem ser Heidegger (1889-1976), um dos pais do existencialismo, e Martin Buber (1878 -1965), um dos principais expoentes do personalismo. Se as essências são desconhecidas (Kant), então fica somente a existência.  Agora o ente existente mais importante é a pessoa, constituído para Buber pelo inter-subjetivismo, ou a relação “Eu – Você” entre pessoas subjetivas, que para Buber abre caminho até Deus. Portanto o conhecimento do Deus objetivo dependerá do envolvimento subjetivo da pessoa humana. Que fundamento mais inseguro para esse conhecimento!

Entretanto este envolvimento do sujeito humano será a chave para o pensamento teológico de Bento, influenciado primeiramente, escreve Sua Eminência, pela célebre Escola de Tubinga na Alemanha. Fundada por J. S. Von Drey (1777-1853), esta escola sustentava que a história se move pelo espírito da era em constante movimento, e este espírito é o Espírito de Cristo. Por tanto a Revelação de Deus já não é o Depósito da Fé acabado com a morte do último Apóstolo, e feita simplesmente mais explícita com o passar do tempo. Pelo contrário, tem um conteúdo em constante evolução ao qual contribui o sujeito receptor. Assim é que a Igreja de cada era joga um papel ativo e não só passivo na Revelação, e dá à Tradição passada seu significado atual. Começa a soar familiar? Talvez como a hermenêutica de Dilthey? Ver EC 208.

Assim é que para Bento XVI, Deus não é um objeto a parte, nem meramente objetivo, ele é pessoal, um “Eu” que intercambia com cada “Você” humano. A Escritura ou Tradição vêm do divino “Eu”, mas por outro lado o “Você” vivente e móvel deve constantemente reinterpretar a Escritura, e já que a Escritura é muito importante para a Tradição, então a Tradição deve também tornar-se dinâmica pelo envolvimento do sujeito, e não permanecer somente estática, como a Tradição “fixista” do Arcebispo Dom Lefebvre. Similarmente a teologia deve de ser subjetivada. A Fé deve ser uma “experiência” pessoal de Deus, e até o Magistério deve deixar de ser meramente estático.

“Maldito o homem  que confia no homem” diz Jeremias (XVII, 5).

Kyrie eleison.

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